A tatuagem de pássaro, da autora iraquiana Dunya Mikhail, é um romance que narra a terrível e fascinante jornada de Helin, uma mulher iazidi que foi sequestrada  e mantida em cativeiro como escrava sexual pelo Estado Islâmico, no norte do Iraque. Graças a ajuda de um apicultor, Abdullah, Helin consegue escapar das garras da organização e tem como desafio refazer a sua vida. 

É uma história sobre a perseguição cruel ao povo iazidi. Ao mesmo tempo, e com uma linguagem fortemente poética, o romance lança luz sobre a cultura e a tradição desse povo, sua imensa força e resiliência. O livro foi finalista do International Prize for Arabic Fiction em 2021.

Para falar um pouco mais sobre o livro, convidamos a tradutora Beatriz Gemignani para uma breve entrevista. Confira:

Qual a importância de publicar A tatuagem de pássaro em nosso tempo?

Assunto atual, todos ouviram falar das crueldades do estado islâmico e ninguém de fato entendia, ou podia imaginar, o que acontecia naquela parte do mundo, ainda mais com as mulheres, e em particular, com mulheres iazidis. Essa obra de ficção baseada em histórias reais permite que as pessoas conheçam essa tragédia por meio da arte, a literatura, que é uma forma de expressão que chega em nosso interior, nos afeta, e assim chama atenção para esse sofrimento, mas não só, para as vivências de um povo que no Brasil desconhecemos. O livro também nos apresenta essa cultura, nos permite expandir o nosso conhecimento sobre o povo iazidi, seu modo de vida particular e seus costumes.

– Como você acha que a gente pode apresentar “A tatuagem de pássaro” para o público brasileiro?

Relato com viés histórico e documental, ouvimos as sobreviventes das atrocidades do estado islâmico, nos deparamos com os detalhes mais terríveis dessa invasão no Iraque, mas também com a resistência e resiliência das vítimas. O livro vai além e nos permite conhecer e sentir a vida dos iazidis e dos iraquianos.

– Quais os desafios na tradução do livro para o português?

Desafio de tentar trazer uma cultura desconhecida ao conhecimento do leitor brasileiro, como descrever de forma que sejam entendidos os hábitos dos iazidis, seu modo de vida tão diferente do nosso, e também os costumes e lugares do Iraque. Outro desafio é representar as diferentes vozes do livro, sua parte sombria e pesada, um extremo que contrasta com o outro, a parte da história de amor da personagem principal, de suas memórias felizes.

– O que você destacaria do livro para os leitores da Tabla?

História de amor, de resiliência, de luto. Tudo com o pano de fundo da invasão de uma organização terrorista, que oprime a todos mas é desafiada; as diferentes vozes femininas que não se deixam vencer, que são “quebradas” mas que encontram nisso força e expressão, uma beleza própria.

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