Resenha de Homens ao sol, de Ghassan Kanafani por André Pimenta
Até que ponto o ser humano pode aguentar? Seja esse limite alcançado de forma física ou mental. Homens ao sol se passa no pós-Nakba e contextualiza a invasão de Israel na Palestina, acompanhando os primeiros homens que saem em busca de refúgio e melhores condições de vida em outras terras.
“Eu comparo estes cento e cinquenta quilômetros à senda prometida por Deus às criaturas, que a percorreriam antes de serem direcionadas ao paraíso ou ao inferno” (63 p.)
A publicação da editora Tabla é, antes de tudo, um tributo ao autor, espelho de seu tempo e da luta palestina. Kanafani foi um importante ativista político e cofundador da Frente Popular para a Libertação da Palestina. Essas informações não são dispersas, elas servem como base para entender o contexto da narrativa e as premissas do escritor.
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Alguns dos fatores que me levam, volta e meia, a retornar aos livros da editora Tabla são o aporte e os planos de fundo políticos. Como educador, a narrativa me envolve, mas é o contexto que me captura. Nessa ótica, Homens ao sol tece, com primor, protagonistas que sobrevivem e resistem em meio aos resquícios de um passado sem retorno, traz o comprometimento com a questão palestina e escancara a desesperança naquele momento histórico.
Três homens de distintas gerações, sem o dinheiro necessário mas com um objetivo em comum: atravessar a fronteira do Iraque para o Kuwait. Depois de tentarem negociar com contrabandistas que cobravam muito mais do que eles poderiam pagar, os homens acabam fechando negócios com Abul-Khayzuran, um motorista de caminhão que se propõe a levá-los ao Kuwait.
Diga-se de passagem:
em um caminhão-pipa.
através do deserto.
no calor da manhã.
Nesse trecho a obra ganha um tom sufocante, a tragédia se instala em nossos poros. Buscamos entender a que ponto a situação política e social chegou para levar a população a tomar decisões tão drásticas. Homens ao sol funciona como uma verdadeira aula de História da Palestina.
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