Em sua juventude, quando ainda morava em Haifa, o escritor Mahmud Darwich viveu um grande amor com uma israelense. O poeta adotou um nome fictício para nomeá-la: Rita. O nome aparece em diversos de seus poemas de espera, de saudade, de lembrança…
Segundo o próprio Darwich, este romance poderia ter durado muito mais, se não tivesse sido interrompido por suas prisões. Afinal, Darwich era um comunista em plenos anos 60 e fazia parte da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), enquanto ela, por sua vez, era uma estudante que foi cantar em um coro para as forças israelenses.
Décadas depois, durante uma entrevista com a jornalista francesa Laure Adler, Darwich comentou que sua “Rita” realmente existiu e que seu nome verdadeiro era Tamar Ben-Ami. Embora Darwich tenha se casado duas vezes, o amor por “Rita” o marcou para sempre.
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Depois do afastamento na juventude, eles nunca mais se viram. Chegaram a marcar um encontro em Paris, anos depois, mas Darwich não compareceu.
Em Onze astros, Darwich dedica à sua amada um longo poema chamado “Longo Inverno de Rita”. Leia um trecho:
“Devolve-me ao corpo para sossegar por um segundo
as agulhas do pinheiro em meu sangue, abandonado desde que te conheci.
Toda vez que abraço a torre de marfim, um par de pombas escapa das minhas mãos.
Ela disse: Voltarei quando mudarem os dias e os sonhos….
é longo este inverno, Rita, e nós somos nós, não digas como eu: Eu sou ela.”
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